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 Conhecimento 

Endosso às cegas

A vida é feita de tempos ou da falta dele. Santo Agostinho falava da existência de tempos relacionados ao presente, como pudemos citar eu e o Dr. Paulo Nassar no Editorial “O tempo que não nos pertence” da Revista Organicom sobre Narrativas (http://revistaorganicom.org.br/sistema/index.php/organicom/issue/view/22). Essa mesma falta de tempo muitas vezes é a justificativa para a falta de apetite informativo (termo empregado pelo cientista Walter Lippmann). O excesso a que estamos expostos muitas vezes nos leva à típica postura da pressa.

 

Um dos elementos que demonstram isso na contemporaneidade é o blind endorsement, o endosso feito sem a checagem da informação. Se isso sempre foi algo presente no tempo analógico, no tempo digital – esse admirável tempo novo – ganhou novos e significativos contornos pela capacidade de abrangência e instantaneidade da mensagem. Quem nunca disparou um “compartilhar” sem ter lido detalhadamente uma mensagem, sem ter checado a sua veracidade, a retidão das fontes, a clareza do pensamento? Todos provavelmente já o fizemos, e muitas vezes com requintes de inserção de comentários nossos.

Esse é o tempo do disparar, que se não baleia como nos tempos de western, ricocheteia e fere imagens, reputações, pessoas, organizações. O tempo da descrença é tão grande quanto a certeza de que precisamos estar “vivos” nas nossas redes sociais, em especial as digitais. E fica a recomendação da parcimônia, da temperança, da prática do ouvir em lugar do dizer. E foi de uma conversa com a pós-graduanda Cristiane Novas que pude ouvir a sua preocupação com o gesto às cegas de multiplicar o que muitas vezes pouco se conhece.

 

Pratiquemos o ouvir, todo o tempo. E quando for o caso, digamos, pois sempre haverá quem nos escute, mas com os diversos filtros que fazem de nossa convivência algo tão maravilhoso.

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