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 Conhecimento 

O verbo "intolerar"

A intolerância historicamente é associada à religião, à incapacidade de convivência entre crenças diferentes. Isso já levou a massacres, genocídios, fogueiras. A intolerância recorrentemente está relacionada à fé, mas muitas vezes também a outros interesses como política, economia, cultura etc. E de modo geral um estado de falta de tolerância é também associado à falta do diálogo.

 

A conjugação do "verbo intolerar" hoje margeia a comunicação de modo muito significativo: está presente nas relações de diversas formas. Seja pelos interesses pessoais, seja pelos organizacionais. Intolerar é não permitir que outras posturas que não estejam alinhadas à do interlocutor possam ser emitidas, levando ao silêncio opinativo. E isso se dá motivado pelo medo do choque, pelo fechamento de canais, pelo risco de represálias. 

 

Se o conceito de multidão sempre esteve associado à aglomeração, à contiguidade física, à proximidade que faz crescer o sentimento e a paixão, pontuais e momentâneos, hoje as aglomerações se digitalizaram e se tornaram mais fluidas, mais líquidas, mas não menos ferozes e contundentes. Sim, as multidões digitais reverberam uma força maior do que de fato possam ter, mas impactam a decisão sobre opinar sobre isso ou aquilo. Medo=silêncio; enunciação=guerra. Intolerância, ah! Essa terrível intolerância!

 

Se isso ocorre de forma rasgada nas redes sociais digitais, como funciona esse mesmo processo na ambiência corporativa? Talvez a primeira análise venha do fato de haver um preconceito contra o capital em um país cujo funcionamento é - pasmem! - capitalista. Com isso empresários surfam em contações de histórias com fundo novelesco, criando verdadeiras epopeias para chegarem ao seu triunfo, ao apogeu de seu capital, e empresas "pintam-se de verde" - remetendo aqui ao conceito de greenwash, as empresas que se "pintam de verde para parecerem ecologiamente corretas, ou que se disfarçam de politicamente responsáveis - ou do que for necessário para minorar o ódio que se lhe é devido a priori, pelo simples fato de existirem.

 

Como lidar com a comunicação das organizações em momentos nos quais o ódio está devidamente embandeirado e desfraldado? E ao mesmo a busca desesperada por heróis está na primeira linha da pauta? À área de Relações Públicas, que ocupa lugar estratégico nesse processo naturalmente conturbado, hoje cabe a prevenção por meio do monitoramento e da análise de tendências, expostas pelo que se diz no ambiente público e pelos movimentos dos ambientes interno e externo, além das macrotendências expressas pelas transformações políticas, econômicas e culturais.

 

E a cada cidadão, a cada pessoa, cabe a reflexão sobre o direito e a necessidade do contraditório, do outro lado de cada questão, de modo a podermos construir o nosso pensamento a partir da reflexão e não da refração.

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