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 Conhecimento 

Comunicação Pública

Profa. Dra. Maria José da Costa Oliveira

Professora e coordenadora do curso de Relações Públicas da Metrocamp. Autora de vários livros sobre Comunicação Pública. 

Lobby como Exercício de Cidadania

Lobby é uma atividade que busca influenciar o poder de decisão em todas as organizações, mas, em especial, junto ao governo, de modo a favorecer um indivíduo, um grupo, uma instituição ou um setor da sociedade.

 

Para Rabaça e Barbosa, no Dicionário de Comunicação, podem ser consideradas ações de lobby os meios utilizados para influenciar políticos ou funcionários governamentais de forma direta (contatos pessoais, correspondências, etc.) ou indiretamente (através dos meios de comunicação ou de fatos capazes de sensibilizar a opinião pública, atingindo desse modo os representantes da comunidade).

 

Apesar de não ser um termo recente, lobby ainda é pouco conhecido por boa parte dos brasileiros. Os que têm noção de seu significado, por sua vez, tendem a defini-lo como ações de suborno e corrupção praticadas nos bastidores governamentais. Infelizmente e de maneira evidente, não faltam exemplos nesse sentido.

 

Entretanto, numa análise mais aprofundada, é possível perceber que lobby pode ser visto como forma de a sociedade exercer cidadania, uma vez que lhe possibilita influenciar políticas públicas.

 

Nessa perspectiva, lobby muitas vezes vem sendo realizado ainda de forma amadora e incipiente, apesar de que mesmo carente de maior profissionalização, é capaz de conseguir resultados que podem beneficiar o interesse público.

 

É bom lembrar que lobby não se restringe à área governamental, uma vez que seu objetivo é influenciar o poder de decisão, presente em todo grupo organizado, o que o transforma em uma atividade legítima dentro do processo democrático.

Sua imagem, todavia, sofre desgaste junto à opinião pública, cada vez que atende a interesses particulares de empresas e grupos e principalmente daqueles que pagam pelas decisões que, em detrimento dos interesses da comunidade, trazem como conseqüência falta de responsabilidade social e ambiental, revelando-se como uma contradição em relação ao conceito de cidadania.

 

Tal contradição se sustenta porque lobby é muitas vezes visto como um instrumento ligado à visão corporativa de grupos de interesse, o que pode significar apropriação indevida de espaços públicos, em função de interesses particulares.

 

No entanto, é possível perceber que a sociedade civil também vem aprendendo a se organizar para cobrar das autoridades competentes seus direitos de cidadania.

 

Por isso, ainda que o lobby seja, muitas vezes, associado a interesses particulares, sua prática tende a ganhar maturidade e valorização dentro da sociedade democrática, extrapolando essa visão limitada.

 

Sua ação já começa a dar sinais de que será cada vez mais estendida a movimentos populares, influenciando o poder de decisão para causas públicas.

 

Dessa forma, devidamente utilizado, o lobby exerce papel preponderante para viabilizar o exercício da cidadania e a consolidação da democracia, transformando-se num verdadeiro instrumento de comunicação pública, ou seja, de comunicação que se processa no espaço público, visando o interesse público e com o amplo envolvimento de todos os setores da sociedade.

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